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Cientistas criam ‘neosoro’ que pode ajudar a combater câncer cerebral agressivo


Glioblastoma é um câncer cerebral agressivo e de difícil tratamentoGlioblastoma é um câncer cerebral agressivo e de difícil tratamentoFoto: Imagem gerada por IA/ND Mais

Cientistas desenvolveram um tipo de “neosoro” inovador que pode abrir caminho para novas terapias contra o glioblastoma, o câncer cerebral primário mais agressivo em adultos. A pesquisa, feita pela Universidade de Nova York e publicada em novembro na revista PNAS, representa uma das abordagens mais promissoras já testadas em modelos animais.

O glioblastoma é um tipo de tumor cerebral que se origina nas células gliais, responsáveis por apoiar e proteger os neurônios. Além de ser um dos tipos mais agressivos da doença, também é um dos mais desafiadores de tratar.

Atualmente, o tratamento pode incluir a cirurgia para remoção do tumor, radioterapia e quimioterapia. Mesmo assim, a taxa de sobrevivência continua baixa.

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Por isso, pesquisadores buscam alternativas para a intervenção, com imunoterapia, terapias-alvo e nanotecnologia, áreas que têm avançado, mas ainda enfrentam desafios significativos.

É nesse cenário que surgiu a administração de medicamentos por meio de gotas nasais. O método utiliza os nervos presentes no nariz como via de acesso direto ao sistema nervoso central.

Como funciona o medicamento em gotas?

O objetivo é superar uma das maiores barreiras no tratamento do glioblastoma: a dificuldade de fazer medicamentos chegarem ao cérebro de maneira eficaz e segura.

O método utiliza os nervos presentes no nariz como via de acesso direto ao sistema nervoso centralO método utiliza os nervos presentes no nariz como via de acesso direto ao sistema nervoso centralFoto: Reprodução/ND Mais

Nos testes realizados em ratos, o composto experimental alcançou o tumor, ativou mecanismos imunológicos e ajudou a conter o avanço da doença. Os resultados preliminares indicaram segurança e boa resposta do organismo, o que anima os cientistas.

“Essa abordagem oferece esperança para tratamentos mais seguros e eficazes para o glioblastoma e, potencialmente, para outros tipos de câncer resistentes à imunoterapia”, afirmou o neurocirurgião Alexander Stegh, da Universidade de Washington. “Isso redefine a forma como a imunoterapia pode ser administrada a tumores difíceis de alcançar.”

O pesquisador explica que tumores de glioblastoma costumam ser detectados tardiamente e têm a capacidade de reduzir a resposta imunológica do corpo, dificultando inclusive o efeito de terapias modernas. Além disso, se localizam em regiões extremamente sensíveis do sistema nervoso central, o que limita intervenções invasivas.

Resultados e próximos passos

A pesquisa atual é uma evolução de estudos anteriores que investigavam a ativação do gene STING, responsável por acionar vias imunológicas semelhantes às que entram em funcionamento durante infecções virais. Induzir essa atividade dentro das células cancerígenas ajuda o sistema imunológico a reconhecê-las e atacá-las.

Glioblastoma é um câncer cerebral com alta taxa de mortalidadeGlioblastoma é um câncer cerebral com alta taxa de mortalidadeFoto: Reprodução/ND Mais

O problema é que os medicamentos criados para ativar o STING se degradavam rapidamente, exigindo múltiplas aplicações diretamente no tumor, um processo doloroso e arriscado.

Para contornar esse obstáculo, a neurocientista Akanksha Mahajan e sua equipe desenvolveram uma tecnologia baseada em nanopartículas de ouro. As moléculas responsáveis por ativar o STING foram transformadas em estruturas de ácido nucleico esféricas e envolvidas no material metálico, garantindo maior estabilidade e tempo de ação.

Ao serem administradas como gotas nasais, essas nanoestruturas conseguiram chegar ao cérebro sem necessidade de procedimentos invasivos.

Descoberta é um avanço no tratamento contra o câncer cerebralDescoberta é um avanço no tratamento contra o câncer cerebralFoto: Imagem gerada por IA/ND

Os experimentos mostraram que a via STING foi ativada com sucesso nos animais, reduzindo o crescimento do tumor. “Demonstramos que nanoestruturas meticulosamente projetadas podem ativar vias imunológicas poderosas no cérebro”, destacou Stegh.

Em combinação com outras terapias imunológicas, a equipe conseguiu até mesmo induzir uma forma de imunidade duradoura contra o glioblastoma em ratos.

Apesar dos avanços, os cientistas reforçam que ainda será necessário aprofundar os estudos antes de iniciar testes em humanos. Um dos desafios futuros é evitar que células cancerígenas encontrem rotas alternativas para escapar da ativação do STING, o que exigirá terapias combinadas.



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