
O caso da modelo que teve a pele do bumbum e das pernas necrosada após um procedimento para reduzir celulites em Jaraguá do Sul ganhou um novo desdobramento. O MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) denunciou Vanderléia de Fátima Andrade Santos, 46 anos, acusada de aplicar a substância de forma incorreta e sem habilitação.
Segundo a ação penal, a denunciada teria se apresentado falsamente como técnica em estética avançada, induzindo consumidores a contratar serviços que incluíam aplicações intradérmicas de substâncias lipolíticas, ou seja, “injeções” para “quebrar” gordura, um procedimento restrito a profissionais da saúde.
Os fatos teriam ocorrido entre maio e julho de 2025, em dois endereços comerciais da cidade. A vítima principal, Karin, teria sofrido complicações severas após a aplicação de “enzimas Smart Booster” por meio de caneta pressurizada, equipamento que exige habilitação médica.
O suposto uso inadequado do produto, indicado apenas para aplicação externa, teria provocado necrose extensa nos glúteos, deformidade permanente e incapacidade para o trabalho.
Além do crime de estelionato, a denúncia inclui lesão corporal gravíssima, exercício ilegal da medicina, desobediência a ordem legal, perigo para a vida ou saúde de outrem e infração ao Código de Defesa do Consumidor.
Durante as apurações, a fiscalização sanitária ainda teria constatado que os procedimentos eram supostamente realizados em ambiente insalubre, sem condições mínimas de higiene e sem documentação obrigatória, como ficha de anamnese e termo de consentimento.
O promotor de Justiça, Felipe de Oliveira Neiva, autor da denúncia, ressaltou a gravidade do caso. “Estamos diante de práticas que não apenas violaram normas sanitárias e consumeristas, mas também causaram danos irreversíveis à integridade física de uma pessoa”.
A 9ª Promotoria de Justiça também requereu na ação penal a fixação de indenização mínima de R$ 50 mil para reparação dos danos morais e estéticos sofridos pela vítima, além da continuidade do processo criminal.
‘Caneta da beleza’ vira caso de polícia
O caso veio à tona após Karim relatar, nas redes sociais, as complicações que sofreu após sessões com a chamada “caneta pressurizada”, feitas entre maio e junho. O equipamento é usado para introduzir substâncias sob pressão, sem o uso de agulhas, método que pode oferecer riscos quando não há controle técnico.
A vítima pagou R$ 880,00 e aponta o manuseio incorreto da substância aplicada no bumbum e coxas. Com o tempo, apareceram lesões que evoluíram para inflamações severas, nódulos e celulite infecciosa. Uma delas se tornou um abscesso necrosado.
Depois da denúncia, a Vigilância Sanitária interditou a sala onde a esteticista atendia em julho, mas, dois meses depois, o órgão voltou ao local e flagrou o espaço em atividade, mesmo após a interdição. Na época, um auto de infração foi lavrado.
Modelo Karin Kamada que teve a pele necrosada compartilhou sobre o caso na época do ocorridoVídeo: Arquivo pessoal/Reprodução/ ND Mais
Recuperação e cicatrizes após necrose
Karim contou que o tratamento a deixou com marcas e inflamações, e que ainda não conseguiu voltar ao trabalho como modelo. “Em muitas orações, eu só pedi que Deus me mantivesse viva. Que eu não tivesse uma sepse. E, na última, que eu não fosse amputada. E o Senhor me ouviu”, disse emocionada.
Ela conta que aos poucos, vem retornando à rotina. “Hoje escolho ser feliz, porque sei que Deus tem um propósito em tudo que me fez passar. Mesmo que aqui, na Terra, nada seja feito, eu creio que a verdadeira justiça será feita em um lugar maior”, desabafou.
O portal ND Mais entrou em contato com a esteticista Vanderléia de Fátima Andrade Santos, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.










